Igreja sede: Rua Osvaldo Cruz, 330 - Bairro Forquilhinhas - São José - SC
Congregação Prainha : Morro do governo, 436 - Bairro Prainha - Florianópolis - SC
Contatos / informações : (48)98437-4354 - Pr. Fernando - São José / (48)98493-8274 - Pr. Cleber - Florianópolis
E-mail : ibforquilhinhas@hotmail.com

quinta-feira, 17 de março de 2011

Estás Certo de que gostas de Spurgeon ?

por Alan Maben

Fonte : www.monergismo.com
Tradução : Felipe Sabino de Araújo Neto

“A mesma doutrina da justificação, como pregada por um Arminiano, não é outra senão a doutrina da salvação pelas obras...” - C. H. Spurgeon

Honrado por muitos evangélicos como um grande pregador, Charles H. Spurgeon é considerado um exemplo bem sucedido e “seguro” de um ministério “não-teológico”. Suas obras são recomendadas como meio para conduzir a muitos pastores aspirantes no desenvolvimento de seus próprios ministérios bem-sucedidos. Suas "Lições aos Meus Alunos" são freqüentemente usadas para este propósito, enfatizando o aspecto “prático” do evangelismo. Porém, ainda que a forma da pregação bem-sucedida de Spurgeon seja freqüentemente estudada pelos pretendentes ao pastorado, o conteúdo da pregação e ensino deste gigante cristão é freqüentemente ignorado. Antes, é popularmente pensado que Spurgeon aprovou energicamente a mesma teologia que está atualmente dominando a cultura Americana: o Arminianismo.
Por exemplo, muitos líderes cristãos gostam de apontar Spurgeon como um que não teve treinamento formal universitário. Eles ignoram o fato que ele teve uma biblioteca pessoal contendo mais de 10.000 livros. Além disso, é argumentado que o sucesso de seu ministério desde meados até os fins do século 19 foi devido a sua piedade anti-intelectual, “sua rendição ao Espírito”, e a seu Arminianismo. O fato é que Spurgeon não era anti-intelectual, nem tampouco alegava ilusões de ser tão santo que podia permitir Deus operar se tão somente estivesse “rendido”. Mais importante ainda, ele não era um Arminiano. Ele era um Calvinista sólido que se opôs à perspectiva religiosa dominante de seu tempo (e do nosso), o Arminianismo . Ainda quase no fim de sua vida ele pôde escrever: “Dessa doutrina não me afastei até o dia de hoje”. Ele estava grato por nunca ter vacilado de seu Calvinismo . “Não há nenhuma alma vivente que creia mais firmemente nas doutrinas da graça do que eu...” Lendo as crenças de Spurgeon, qualquer um verá que este tremendamente frutífero ministério foi edificado sobre a pregação do evangelho bíblico.
Em sua obra, “Uma Defesa do Calvinismo”, ele declara inequivocadamente:

"Eu pessoalmente acredito que não seja possível pregar a Cristo e Ele crucificado, a menos que estejamos pregando o que hoje é conhecido como Calvinismo. O Calvinismo é apenas um apelido; o Calvinismo é o evangelho e nada mais. Eu não creio que possamos pregar o evangelho se não pregarmos a justificação pela fé sem obras, nem podemos pregá-lo, a menos que preguemos a soberania de Deus em Sua dispensação de graça, nem a menos que exaltemos o amor imutável, eterno, eletivo e conquistador de Jeová. Eu também não acredito que possamos pregar o evangelho, a menos que nos baseemos na redenção especial e particular do povo eleito de Deus, redenção essa efetuada por Cristo na cruz; nem tampouco compreendo um evangelho que permita que os santos venham a cair depois de terem sido chamados, e admita que os filhos de Deus sejam queimados no fogo da condenação” .
Aqui Spurgeon afirma seu acordo com o que são usualmente chamados “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. O próprio resumo de Spurgeon era muito mais curto: Um Calvinista crê que a salvação é do Senhor . As seleções de seus sermões e escritos sobre estes temas evidenciam sua posição.

Com respeito à Depravação Total e à Graça Irresistível:
Quando dizes: “Pode Deus fazer com que eu me converta em um Cristão?” Te digo que sim, pois nisto descansa o poder do evangelho. Não pede teu consentimento, mas o obtêm. Não diz: “Quer ter isto?”, mas te faz disposto no dia do poder de Deus...O evangelho não quer teu consentimento, ele o obtêm. Põe fora de combate a inimizade de teu coração. Tu dizes, não quero ser salvo; Cristo diz que tu serás. Ele faz que nossas próprias vontades mudem de parecer, e então você clama: “Senhor, salva-me ou pereço!” .

Com respeito à Eleição Incondicional:
Não hesito em dizer que, depois da doutrina da crucificação e ressurreição de nosso bendito Senhor, nenhuma doutrina teve tal proeminência na Igreja Primitiva como a doutrina da eleição da graça .
E quando foi confrontado com o desconforto que esta doutrina poderia provocar, respondeu com pouca simpatia: “'Eu não gosto disto [eleição divina]', disse alguém. Bem, pensei que não gostaria; quem sonhou que gostaria?” .

Com respeito à Expiação Particular:
Se fosse a intenção de Cristo o salvar todos os homens, quão deploravelmente Ele tem sido decepcionado, pois temos Seu próprio testemunho de que existe um lago que arde com fogo e enxofre, e nesse abismo de aflição tem sido lançadas as mesmas pessoas que, de acordo com a teoria da redenção universal, foram compradas com Seu sangue.
Ele castigou a Cristo, por que deveria Ele castigar duas vezes por uma ofensa ? Cristo foi morto por todos os pecados de Seu povo, e se estás no pacto, és um dos do povo de Cristo. Não podes ser condenado. Não podes sofrer por teus pecados. Até que Deus possa ser injusto, e demandar dois pagamentos por uma dívida, Ele não pode destruir a alma por quem Jesus morreu.

Com respeito à Perseverança dos Santos:
Não sei como algumas pessoas, as quais crêem que um cristão pode cair da graça, conseguem ser felizes. Deve ser algo mui recomendável nelas, o ser capaz de viver todo um dia sem desesperação. Se não cresse na doutrina da perseverança final dos santos, penso que seria o mais miserável de todos os homens, porque me faltaria o fundamento para o repouso.

As seleções acima citadas indicam que C.H. Spurgeon era sem nenhuma dúvida um afirmado e auto-professante Calvinista, que fez o sucesso de seu ministério depender desta verdade, não disposto a considerar os “Cinco Pontos do Calvinismo” como categorias separadas e estéreis para serem memorizados e cridos em isolamento um do outro, ou da Escritura. Ele freqüentemente combinava as verdades representadas pelos Cinco Pontos, porque são na realidade parte de apoio mútuo de um todo, e não cinco pequenas seções da fé adicionadas à coleção pessoal de crenças cristãs. Spurgeon nunca as apresentou como raridades para serem cridas como a soma do Cristianismo. Antes, ele pregou um evangelho positivo, sempre tendo em conta que estas crenças eram somente parte de todo o conselho de Deus e não a soma total. Estes pontos eram sumários úteis, defensivos, porém eles não tomavam o lugar do vasto teatro da redenção dentro do qual o plano completo e eternal de Deus foi realizado no Antigo e Novo Testamentos.

Certo de que a Cruz era uma ofensa e uma pedra de tropeço, Spurgeon estava pouco disposto a fazer o evangelho mais aceitável para o perdido. “A antiga verdade que Calvino pregou, que Agostinho pregou, é a verdade que eu devo pregar hoje, se não seria falso à minha consciência e a Deus. Não posso modelar a verdade; não conheço tal coisa como aparar as bordas duras de uma doutrina”. Em outro lugar ele desafiou: “Eu não posso encontrar na Escritura alguma outra doutrina do que esta. Ela é a essência da Bíblia...Diga-me qualquer coisa contrária a esta verdade e isto será uma heresia...” Spurgeon cria que o preço do ridículo e a rejeição não era tão alto para que ele recusasse pregar este evangelho: “Somos reconhecidos como a escória da criação; dificilmente algum ministro nos considera ou fala de maneira favorável de nós, porque sustentamos fortes rivalidades acerca da divina soberania de Deus, Suas eleições divinas e Seu amor especial para com Seu próprio povo”.
Então, como agora, a objeção dominante a tal pregação era que levaria a um viver licencioso. Visto que Cristo “fez tudo”, não havia necessidade para eles de obedecer os mandamentos da Escritura. À parte do fato de que não devemos deixar que as pessoas pecaminosas decidam que tipo de evangelho pregaremos, Spurgeon tinha suas próprias refutações a esta confusão:
“Freqüentemente é dito que as doutrinas que cremos têm uma tendência de nos levar ao pecado...Pergunto ao homem que se atreve a dizer que o Calvinismo é uma religião licenciosa: o que pensas do caráter de Agostinho, ou de Calvino, ou de Whitefield, os quais nas idades sucessivas foram os grandes expoentes dos sistemas da graça?; ou o que dirá dos Puritanos, cujas obras estão cheias delas? Se um homem tivesse sido um Arminiano naqueles dias, teria sido considerado como o mais vil dos hereges, mas agora nós somos vistos como os hereges, e eles como ortodoxos. Nós temos voltado à velha escola; nós podemos traçar nossa descendência desde os apóstolos...Nós podemos traçar uma linha dourada até o próprio Jesus Cristo, através de uma santa sucessão de poderosos pais, os quais todos sustentaram estas verdades gloriosas; e podemos perguntar com respeito a eles: Onde tu encontrarás homens mais santos e melhores no mundo?”
Sua atitude para com aqueles que distorciam o evangelho com suas próprias idéias de “santidade” é clara a partir do seguinte: “Nenhuma doutrina está tão calculada para preservar a um homem do pecado como a doutrina da graça de Deus. Aqueles que têm chamado-a de 'uma doutrina licenciosa" não conhecem absolutamente nada dela. Pobres seres ignorantes, pouco sabem que seu próprio produto vil foi a mais licenciosa doutrina debaixo do Céu”.

De acordo com Spurgeon (e também com a Escritura), a resposta de gratidão é o motivo para o viver santo, não o status incerto do crente sob a influência do Arminianismo e seu acompanhante legalismo. “A tendência do Arminianismo é para o legalismo; não é nada senão o legalismo que jaz na raiz do Arminianismo”. Ele foi muito claro sobre a perigosa relação do Arminianismo com o legalismo: “Não vês de uma vez que isto é legalismo - que isto é fazer nossa salvação dependente de nossa obra - que isto é fazer nossa vida eterna depender de algo que nós fazemos? Além disso, a mesma doutrina da justificação, tal como é pregado por um Arminiano, não é outra senão a doutrina da salvação pelas obras”.
Um status diante de Deus baseado em como “usamos” Cristo e o Espírito para simular justiça foi um legalismo odiado por Spurgeon. Como em nossos dias, Spurgeon viu que uma das fortalezas do Arminianismo incluía as igrejas independentes. O Arminianismo era uma religião natural, que rejeitava a Deus, que se auto-exalta e além do mais, uma heresia. Como Spurgeon cria, nascemos Armianos por natureza. Ele viu esta aversão natural a Deus como encorajada por uma crença auto-centrada e uma fantasia auto-exaltadora. “Se você crê que tudo depende do livre arbítrio do homem, você naturalmente terá o homem como a principal figura em seu panorama”. E novamente ele afirma que o remédio para esta confusão é a verdadeira doutrina. “Creio que muito do atual Arminianismo é simplesmente a ignorância da doutrina do evangelho”. E mais, “Não sirvo ao deus dos arminianos de modo algum; não tenho nada com ele, e não me inclino diante do Baal que eles têm erigido; ele não é meu Deus, nem jamais o será; não o temo, não tremo em sua presença...O Deus que diz hoje e que nega o dito amanhã, que justifica hoje e que condena no dia seguinte..,não tem nenhuma relação com meu Deus, nem no mínimo grau possível. Ele pode ter uma relação com Astarote ou Baal, porém Jeová nunca foi ou pode ser seu nome”. Recusando-se de comprometer o evangelho de alguma maneira, ele refutou e rechaçou vigorosamente os intentos comuns de unir o Calvinismo e o Arminianismo em uma crença sintetizada. Tampouco ele subestimava a importância das diferenças entre os dois sistemas:

“Isto pode parecer a ti de pouca conseqüência, porém realmente é um assunto de vida ou morte. Desejo suplicar a cada cristão - querido irmão, reflita sobre o assunto ponderadamente. Quando alguns de nós pregamos o Calvinismo, e outros o Arminianismo, não podemos ambos estar corretos; não é útil tratar de pensar que podemos ambos estar corretos - 'Sim', e 'não', não podem ambos ser verdade. A verdade não vacila como o pêndulo que se move para frente e para trás...Um deve estar certo; o outro errado”.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O SABBATH

Dr. Greg L. Bahnsen

Fonte : www.monergismo.com
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

O Sabbath é uma ordenança da criação (Gn. 2:2-3), que os homens eram obrigados a observar mesmo antes da chegada da lei Mosaica. Compare Êxodo 20:10-11 para sua interpretação de Gênesis 2:2-3. Todos os homens estão sujeitos à lei do Sabbath (observe que Cristo não disse que o Sabbath foi feito para os israelitas em Marcos 2:27, mas para o “homem” genérico). A obrigação moral de o homem observar o Sabbath é colocada corretamente ao lado das outras palavras universalmente morais do Decálogo, que foi escrito pelo próprio dedo de Deus. Quando o homem observa o Sabbath, ele está imitando corretamente o seu Criador; o descanso do Sabbath é modelado segundo o descanso de Deus na criação. Na era do Novo Pacto, esse descanso da criação se torna um sinal da esperança cristã, seu descanso celestial na consumação dessa era (Hb. 4). No princípio Deus estabeleceu Seu descanso; Cristo providencia e promete entrada a esse descanso, e na era eterna desfrutá-lo-emos. O Sabbath tem extensão universal e obrigação perpétua. Na chegada de Cristo o Sabbath foi purificado dos acréscimos legalistas feitos pelos escribas e fariseus (Lucas 13:10-17; 14:1-6; Marcos 3:1-6); o Sabbath sofreu corrupção nas mãos dos fariseus “autônomos” assim como vários outros preceitos morais (cf. Mt. 5:21-48). Além do mais, os aspectos cerimoniais e sacrificiais do ciclo dos dias de festa (“lua nova, ano do Sabbath, jubileu, etc.”) do Antigo Testamento, juntamente com aquelas observâncias cíclicas de festas, foram “tirados de uso” pela obra redentora de Cristo. Por conseguinte, Colossenses 2:16s. nos liberta dos elementos cerimoniais do sistema do Sabbath (a passagem parece estar se referindo especificamente às ofertas), e passagens tais como Romanos 14:5s. e Gálatas 4:10 ensinam que não precisamos mais distinguir esses dias cerimoniais (como os judaizantes eram aptos em exigir). Como Cristo providenciou a entrada ao descanso do Sabbath eterno de Deus mediante Sua morte substitutiva sobre a cruz, Ele torna os elementos tipológicos (e.g. ofertas) do sistema do Sabbath irrelevantes (coisas que eram uma sombra da substância vindoura de acordo com Cl. 2:17, cf. Hb. 10:1, 8). Ao realizar nossa redenção, Cristo também nos ligou à observância desse Sabbath semanal, que prefigura nosso Sabbath eterno (cf. Hb. 4). Embora os dias cerimoniais não devam ser mais distinguidos, o Novo Testamento distingue o primeiro dia da semana dos outros seis (1Co. 16:2; Atos 20:7) e denomina-o “o Dia do Senhor” (Ap. 1:20). Ao observar o Sabbath semanal, honramos Cristo que é o “Senhor” do Sabbath (Marcos 2:28), e antecipamos a vinda do descanso do Sabbath, que nosso Senhor assegurou para nós (nisso, paralelos podem ser vistos com a “Ceia do Senhor”). Em Marcos 2:23-28, Cristo e os Seus discípulos foram acusados de “fazerem o que não é lícito” no Sabbath, mas porque eles tinham violado apenas uma tradição rabínica, Cristo não se importou em contestar a acusação; ela simplesmente equivalia a nada. Não houve nenhuma contestação, pois Cristo não reconhecia a tradição dos anciãos como “lícita”. Contudo, Cristo toma isso como uma oportunidade para afirmar que Ele é “Senhor até mesmo do Sabbath”. Mediante isso Cristo confirmou definitiva e positivamente o Sabbath; de outra forma, Cristo estaria proclamando grandiosamente o Seu senhorio sobre algo que não existia. O Sabbath não morreu com o advento de Cristo ou Sua obra Messiânica; até o nosso descanso eterno, o Sabbath semanal continua a ser “dominado” por Cristo e é um tipo da realidade vindoura. “O Sabbath foi feito para o homem” (Marcos 2:27), e o homem ainda precisa se beneficiar disso. A questão do Sabbath não apresenta nenhuma contradição para a validade contínua da lei moral de Deus.

Fonte original : Greg L. Bahnsen, Theonomy in Christian Ethics,
Covenant Media Press, p. 226-8.