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terça-feira, 11 de junho de 2013

Uma Corrente Dourada de Cinco Elos


por

Dr. James Montgomery Boice

"Porque os que conheceu de antemão também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou" (Romanos 8.29-30).

Quando eu escrevia sobre Romanos 8.28 no estudo anterior, disse que para muitos cristãos, este verso é uma das afirmações mais confortantes em toda a Palavra de Deus. A razão é óbvia. Ele nos diz que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Isto é, Deus tem um grande e bom propósito para todos os cristãos e Ele está trabalhando em todas as muitas circunstâncias detalhadas de suas vidas a fim de alcançá-lo.
Maravilhoso como este verso é, os versos que seguem são ainda mais maravilhosos, por dizerem como Deus cumprirá o seu propósito e nos lembrar que é o próprio Deus quem o cumpre. O último lembrete é a base para o que comumente é conhecido como “segurança eterna” ou “a perseverança dos santos”.

Algum tempo atrás, eu soube de uma história divertida, mas aparentemente real. Em 1966, o santo e místico hindu Rao anunciou que ele caminharia sobre a água. Isto atraiu bastante atenção, e no dia marcado para o evento, uma imensa multidão se reuniu ao redor de um grande tanque em Bombaim, Índia, onde tudo iria ocorrer. O iluminado, cheio de devoção, preparou-se para o milagre e então caminhou em direção à beira do tanque. Um silêncio solene desceu sobre os observadores reunidos. Rao olhou rapidamente para o céu, andou em direção à água, e então imediatamente afundou dentro do tanque. Resmungando, completamente molhado, e furioso, ele emergiu da piscina e voltou-se raivosamente para a multidão embaraçada. “Um de vocês”, ele disse, “é um incrédulo”.

Felizmente, nossa salvação não é algo assim, porque se fosse, nunca aconteceria. Em assuntos espirituais, somos todos incrédulos. Nós somos fracos na fé. Mas nós somos ensinados nestes grandes versículos de Romanos que a salvação não depende de nossa fé, embora ela seja necessária, mas dos propósitos de Deus.
E é da mesma forma a respeito do amor. O apóstolo já disse que em todas as coisas Deus trabalha para o bem daqueles que O amam. Mas temendo que, de alguma forma, imaginemos que a força do nosso amor é o fator determinante na salvação, Paulo nos lembra que nosso lugar neste ótimo fluxo de eventos não é baseado em nosso amor por Deus, mas no fato de que Ele tem fixado Seu amor sobre nós.
De que formas Deus nos amou?
Deixe-me mostrar os modos.

Estes versos nos introduzem a cinco grandes doutrinas: (1) Conhecimento de antemão, (2) predestinação, (3) Chamado eficaz, (4) Justificação, e (5) Glorificação. Estas cinco doutrinas são tão fortemente conectadas que têm sido chamadas correta e acuradamente como “um corrente dourada de cinco elos”. Cada elo é forjado no céu. Isto é, cada um descreve algo que Deus faz e e não abre mão de fazê-lo. É por isto que John R. W. Stott as chama de “cinco irrefutáveis afirmações” [1]. As duas primeiras têm relação com o eterno conselho de Deus ou determinações passadas. As duas últimas estão concentradas naquilo que Deus fez, está fazendo ou fará conosco. O termo do meio (chamados) conecta o primeiro e o último par.
Estas doutrinas seguirão de eternidade para eternidade. Como resultado, não existe maior expressão da maravilhosa atividade salvadora de Deus em toda a Bíblia.

Pré-Conhecimento Divino

O mais importante destes cinco termos é o primeiro, mas surpreendentemente (ou não tão surpreendente, uma vez que nossos caminhos não são os caminhos de Deus, nem Seus pensamentos nossos pensamentos), é o mais mal-entendido. É composto de duas palavras separadas: “pré”, que significa “de antemão”, e “conhecimento” [2]. Isto tem tomado o significado de que, já que Deus conhece todas as coisas, Deus conhece de antemão aqueles que crerão nEle e aqueles que não crerão, e como resultado disto, Ele predestinou para a salvação aqueles a quem Ele previu que crerão nEle. Em outras palavras, o que Deus conhece de antemão ou prevê é a fé das pessoas
Presciência é uma idéia tão importante que nós estaremos voltando nela em nosso próximo estudo e examinaremos cuidadosamente o sentido em que ela é usada na Bíblia. Porém, aqui, podemos ver algo como uma explanação, mas nunca fará justiça a esta passagem.
Em primeiro lugar, o versículo não diz que Deus conheceu de antemão especificamente o que suas criaturas fariam. Não está falando sobre ações humanas, portanto. Pelo contrário, está falando inteiramente de Deus e do que Deus faz. Cada um destes cinco termos seguem esta forma: Deus conheceu de antemão, Deus predestinou, Deus chamou, Deus justificou, Deus glorificou. Mais ainda, o assunto da presciência divina não são as ações de certas pessoas mas as próprias pessoas. Neste sentido, pode apenas significar que Deus fixou uma atenção especial sobre estes ou os amou de forma salvífica.
Este é o modo em que o termo freqüentemente é usado no Antigo Testamento. Amós 3.2, por exemplo. A Versão King James [3] traduz literalmente as palavras de Deus aqui, usando o verbo “conhecer” (Hebreu yada) – “De todas as famílias da terra só a vós vos tenho conhecido; portanto eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades”. Mas a idéia da eleição neste contexto é tão óbvia que a NVI realça o sentido do texto ao traduzir “Escolhi apenas vocês de todas as nações da Terra...”
E há outro problema. Se o palavreado significa que Deus conheceu de antemão o que as pessoas farão em resposta a Ele ou à pregação do Evangelho, e então determina seus destinos baseado nisto, o que, digam-me, Deus poderia ver ou pré-conhecer a não ser uma determinada oposição, da parte de todos os homens? Se os corações dos homens e mulheres são tão depravados quanto Paulo ensinou que eles são – se é verdade que “ ’Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus’” (Romanos 3.10-11) – como haveria alguma chance de Deus prever em algum coração humano algo a não ser descrença?

John Murray apresenta isto de uma forma complementar mas levemente diferente: “Mesmo se fosse garantido que ‘conhecer de antemão’ significa a presciência da fé, a doutrina bíblica da eleição não é necessariamente eliminada ou refutada. Pois é certamente verdade que Deus prevê a fé; Ele prevê tudo que virá a acontecer. A questão então simplesmente seria: em que ponto origina-se esta fé, que Deus prevê? E a única resposta bíblica é que a fé que Deus prevê é a fé que Ele mesmo cria (cf. João 3.3-8; 6.44,45,65; Efésios 2.8; Filipenses 1.29; 2 Pedro 1.2). Assim, Sua eterna presciência da fé é precondicionada por Seu decreto de gerar esta fé naqueles a quem Ele previu como crentes” [4].

Pré-conhecimento significa que a salvação tem sua origem na mente ou eternos conselhos de Deus, não no homem. Isto coloca nossa atenção no amor seletivo de Deus, de forma que algumas pessoas são eleitas para ser conformes à imagem de Jesus Cristo, que é aquilo que Paulo já havia dito.

Presciência e Predestinação

A objeção principal a este entendimento de presciência é que, se está correto, então presciência e predestinação (o termo que segue) significam a mesma coisa e Paulo, portanto, seria redundante. Mas os termos não são sinônimos. Predestinação nos leva a um passo adiante.
Como presciência, predestinação é composta de duas palavras separadas: “pré”, significando de antemão, e “destino” ou “destinação”. Isto significa determinar o destino de uma pessoa de antemão, e este é o sentido em que se difere da presciência. Como já vimos, conhecer de antemão significa fixar o amor sobre alguém ou a eleger. Isto “não nos informa qual o destino para onde os escolhidos serão levados” [5]. Isto é o que a predestinação supre. Ela nos conta que, tendo firmado seu amor seletivo sobre nós, a seguir Deus nos designa para sermos “conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. Ele faz isto, como os próximos termos apresentam, ao chamar, justificar e glorificar estes que escolheu.

D. Martyn Lloyd Jones nos mostra que a palavra grega que é traduzida como “predestinou” tem em seu radical a palavra para “horizonte” (grego, proorizo). O horizonte é uma linha divisória, demarcando e separando o que nós podemos ver daquilo que não podemos ver. Tudo além do horizonte está em uma categoria; tudo antes do horizonte está em outra. Lloyd Jones sugere, portanto, que o significado da palavra é que Deus, tendo conhecido de antemão certas pessoas, as tira da categoria alienada e as coloca dentro do círculo de Seus propósitos salvíficos. “Em outras palavras”, ele diz, “Ele marcou um destino particular para eles” [6].
Este destino é se tornar como Jesus Cristo.

Dois tipos de Chamados

O próximo passo nesta corrente de cinco elos é o que os téologos chamam de chamado eficaz. É importante usar o adjetivo eficaz neste ponto, porque há dois tipos de chamados referidos na Bíblia, e é fácil se confundir quanto a eles.
Um tipo de chamado é externo, geral e universal. É um convite aberto a todas as pessoas a se arrependerem de seus pecados, voltarem-se ao Senhor Jesus Cristo, e serem salvas. É isto que Jesus disse quando falou “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). Ou também, quando ele diz “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (João 7.37). O problema com este tipo de chamado é que, por sua própria conta, nenhum homem ou mulher jamais responderá positivamente. Eles ouvem o chamado, mas dão as costas, preferindo seus próprios caminhos a Deus. É por isto que Jesus também diz que “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer” (João 6.44).
O outro tipo de chamado é interno, específico e efetivo. Isto é, não somente faz o convite, como também providencia a habilidade ou desejo de responder positivamente. É a atração de Deus para Si mesmo ou o trazer à vida espiritual aquele que sem este chamado continuaria morto e distante dEle.

Não há maior ilustração disto que o chamado de Jesus para Lázaro, irmão de Maria e Marta, que havia morrido quatro dias antes. Lázaro em seu túmulo é um retrato de todo ser humano em seu estado natural – morto de corpo e alma, amarrado com faixas, deitado em uma tumba, selada por uma grande pedra. Vamos chamá-lo de volta: “Lázaro, Lázaro. Vem para fora, Lázaro. Nós queremos você de volta. Nós sentimos sua falta. Se você apenas se levantasse pra fora dessa tumba e voltasse para nós, você verá que nós estamos todos ansiosos por ter você de volta. Ninguém aqui irá pôr qualquer empecilho no seu caminho”.
O quê? Lázaro não virá? Ele não quer estar conosco?
O problema é que Lázaro não tem a capacidade de voltar. O chamado é dado, mas ele não pode vir.
Ah, mas deixe Jesus tomar lugar diante do túmulo. Deixe Jesus dizer “Lázaro, vem para fora”, e a história é bastante diferente. As palavras são as mesmas, mas agora o chamado não é um mero convite. É um chamado eficaz. O mesmo Deus que originalmente chamou a criação do nada está agora chamando a vida da morte, e Seu chamado é ouvido. Lázaro, mesmo que estivesse morto há quatro dias, ouve Jesus e obedece à voz do Mestre.
É assim que Deus chama aqueles que ele conheceu de antemão e predestinou à salvação.

Chamado e Justificação

O próximo passo na grande corrente divina de atos salvíficos é a justificação. Já discutimos muito sobre justificação no volume 1 desta série, então não precisamos discutí-la em detalhes aqui. Resumidamente é um ato judicial pelo qual Deus declara pessoas pecadoras como justas diante dEle, não baseado em seus próprios méritos, por eles terem feito algo, mas com base naquilo que Cristo fez por eles, por morrer em seus lugares na cruz. Jesus carregou seus castigos, tomando sobre si a punição pelos pecados dessas pessoas. Tendo sido punidos estes pecados, Deus então imputa a perfeita justiça de Jesus Cristo na conta deles.
O que precisa ser discutido aqui é a relação do chamado eficaz com a justificação. Ou, colocando na forma de uma questão: Por que Paulo coloca o chamado neste lugar da corrente? Por que chamado vem entre conhecimento e predestinação de um lado, e justificação e glorificação no outro?

Existem duas razões:

Primeiro, o chamado é o ponto em que as coisas determinadas de antemão na mente e conselho de Deus entram no tempo. Nós falamos de “pré” conhecimento e “pré” destinação. Mas estas duas referências ao tempo só têm significado para nós. Estritamente falando, isto não é um instante de tempo em Deus. Porque o fim é o começo e o começo é o fim, “antemão” e “pré” nada significam para Ele. Deus simplesmente “conhece” e “determina”, e isto eternamente. Mas o que Ele já decretou na eternidade torna-se real no tempo, e o chamado é o ponto em que Seu conhecimento eterno de alguns e Sua predestinação daqueles à salvação encontram o que chamaríamos de manifestação concreta. Somos criaturas no tempo. Então é pelo chamado específico de Deus à fé, no tempo, que nós somos salvos.
Segundo, justificação, que vem logo após o chamado na lista de ações divinas, está sempre conectada com fé ou crença, e é por meio do chamado divino ao indivíduo que a fé é imputada na pessoa. O chamado de Deus cria ou estimula a fé. Ou, como nós poderíamos portanto dizer mais acuradamente, é o chamado de Deus que traz para fora a vida espiritual, da qual a fé é o a primeira evidência real ou prova.

Romanos 8.29-30 não contém uma lista completa dos passos na experiência de salvação de alguém, somente cinco dos mais importantes passos tomados por Deus em benefício dos cristãos. Se o texto incluísse todos os passos, o que os teólogos chamam de ordo salutis, teria de listar estes: pré-conhecimento, predestinação, chamado, regeneração, fé, arrependimento, justificação, adoção, santificação, perseverança e glorificação [7]. A lista completa apresenta o assunto. Depois da predestinação, o passo imediato é nosso chamado, de onde vem a fé que leva à justificação.
A Bíblia nunca diz que nós somos salvos por causa da nossa fé. Isto faria da fé algo bom em nós que, de alguma forma, contribuiria com o processo. Mas é dito que nós somos salvos por meio ou através da fé, significando que Deus deve criá-la em nós antes que nós possamos ser justificados.

Glorificou (Tempo Passado)

Glorificação também é algo que estudamos antes, e agora voltamos ao assunto novamente antes que completemos estes estudos de Romanos 8. Significa ser feito como Jesus Cristo, que é o que Paulo disse antes. Mas aqui há algo que devemos notar. Quando Paulo menciona glorificação, ele se refere a isto no passado (“glorificou”) ao invés do futuro (“glorificará”) ou num futuro passivo (“serão glorificados”), algo que talvez esperássemos que ele deveria fazer.
Por que isto? A única possível e também óbvia razão é que ele está pensando no passo final de nossa salvação como sendo tão certa que é possível referir-se a ela como se já houvesse acontecido. E, é claro, ele faz isto deliberadamente para nos assegurar que é exatamente o que acontecerá. Lembra o que ele diz em sua carta aos cristãos em Filipos? Ele escreve “Fazendo sempre com alegria oração por vós... tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1.4,6). Este é um atalho para o que estamos descobrindo em Romanos. Deus começou a “boa obra” por conhecer de antemão, predestinar, chamar e justificar. E porque Ele nunca volta atrás naquilo que Ele disse, ou muda Sua mente, nós podemos saber que Ele aperfeiçoará a boa obra até o dia em que nós seremos como Jesus Cristo, sendo glorificados.

Tudo de Deus

Tenho uma conclusão simples, lembrar você novamente que todas estas coisas foram feitas por Deus. São os pontos importantes, os pontos que realmente importam. Sem eles, nenhum de nós seria salvo. Ou se fôssemos “salvos” nenhum de nós continuaria nesta salvação.
Nós temos de acreditar. É claro, nós temos. Paulo já falou da natureza e necessidade da fé nos capítulos 3 e 4 de Romanos. Mas mesmo nossa fé é de Deus ou, como nós provavelmente diríamos melhor, é resultado de Seu trabalho em nós. Em Efésios Paulo diz “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9). Quando somos salvos, primeiramente pensamos naturalmente que temos uma grande participação nisto, talvez por causa de ensinamentos errôneos ou superficiais, mas muito comumente apenas porque sabemos mais sobre nossos próprios pensamentos e sentimentos do que conhecemos de Deus. Mas, há quanto mais tempo alguém é cristão, mais ele se distancia de qualquer sentimento de que somos responsáveis por nossa salvação ou mesmo alguma parte dela, e mais próximos chegamos à conclusão de que é tudo de Deus.
É algo bom que seja de Deus, também! Porque fosse cumprido por nós, nós poderíamos simplesmente descumprí-la e não há dúvida que o faríamos. Se Deus é o autor, a salvação é algo que é feita sabiamente, bem e eternamente.

Robert Haldane, um dos grandes comentarista de Romanos, provê este resumo:
"Ao rever esta passagem, devemos observar que em tudo que é dito, o homem não atua em nenhuma parte, mas é passivo, e tudo é feito por Deus. O homem é eleito, predestinado, chamado, justificado e glorificado por Deus. O Apóstolo estava aqui concluindo tudo o que ele havia dito antes ao enumerar tópicos de consolação aos crentes, e está agora pronto para apresentar que Deus é “por nós”, ou em favor de Seu povo. Poderia alguma coisa, então, ser mais consoladora àqueles que amam a Deus, que desta maneira serem assegurados de que a grande preocupação quanto a sua salvação não é deixada aos seus cuidados? Deus cuida até mesmo da promessa deles. Deus, tomando tudo sobre Ele mesmo. Ele se fez responsável por eles. Não há lugar, então, para risco ou mudança. Ele fará perfeito aquilo que concernia a eles" [8].

Anos atrás, Harry A. Ironside, um grande mestre da Bíblia, contou uma história sobre um velho cristão a quem pediram que desse seu testemunho. Ele contou como Deus o procurou e encontrou, como Deus o amou, chamou, salvou, libertou, purificou e curou – um grande testemunho da graça, poder e glória de Deus. Mas depois do encontro um irmão provavelmente legalista o chamou num canto e criticou seu testemunho, como certamente alguns de nós faríamos. Ele disse “eu apreciei tudo o que você contou sobre o que Deus fez por você. Mas você não mencionou a sua parte nisto. Salvação é na verdade participação nossa e participação de Deus. Você deveria ter mencionado algo sobre a sua parte”.
“Ah, claro”, o velho cristão respondeu. “Peço desculpas por isso. Me perdoe. Eu realmente deveria ter dito alguma coisa sobre a minha parte. Minha participação foi fugir e a participação de Deus foi correr atrás de mim até que pudesse me pegar” [9].
Todos nós fugimos. Mas Deus colocou Seu amor em nós, nos predestinou a tornar-nos como Jesus Cristo, nos chamou à fé e arrependimento, nos justificou e, sim, até mesmo nos glorificou, tão certo de que Seu plano será completo. Que apenas Ele seja louvado!

NOTAS:
[1] - John R. W. Stott, Men Made New: An Exposition of Romans 5-8 (Grand Rapids: Baker Book House, 1984), p. 101.
[2] - Nota do Tradutor: preferi manter a linguagem do autor em alguns trechos. No nosso caso, é conheceu de antemão e nao “pré-conheceu” ou “presciência”.
[3] - Em nosso caso, Almeida Fiel e Corrigida

[4] - John Murray, The Epistle to the Romans (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 968), p. 316.
[5] - Ibid., p. 318.
[6] - D. M. Lloyd Jones, Romans, An Exposition of Chapter 8:17-39, The Final Perseverance of the Saints (Grand Rapids: Zondervan, 1976), p. 241
[7] - Há uma clássica exposição da ordo salutis em Redenção – Consumada e Aplicada, de John Murray
[8] - Robert Haldane, An Exposition of the Epistle to the Romans (MacDill AFB: MacDonald Publishing, 1958), pp. 407, 408.
[9] - História contada em Ray C. Stedman, From Guilt to Glory. Vol. 1, Hope for the Helpless (Portland Multnomah Press 1978), p. 302
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Tradução livre: Josaías Cardoso Ribeiro Jr.
Brasília-DF, 04 de Outubro de 2004.
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Fonte : http://www.monergismo.com/