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quarta-feira, 14 de março de 2012

Cristo ou César - As perseguições


João 15:20 – “Lembrai-vos da palavra que Eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.”

Nas palavras deixadas pelo Mestre nos registros do apóstolo João, somos lembrados de que, assim como perseguiram ao Senhor e fundador da igreja, Jesus Cristo , também perseguirão aos seus servos e seguidores, porém, assim como ouviram as palavras do Mestre, também ouvirão as nossas. Estas palavras se cumpriram a partir de Cristo e seus apóstolos, em toda história do cristianismo e continuarão a se cumprir enquanto a luz e o sal da terra, a igreja, estiver neste mundo.
Nas primeiras perseguições da igreja antiga, um dos pais da igreja, Tertuliano (sec.III) escreveu : “O sangue dos cristãos é a semente da igreja”. Quando cristãos eram perseguidos e mortos em testemunho da verdade e pela causa de Cristo, a igreja continuava a crescer e a ganhar força , sustentada por Jesus e pelo sangue dos mártires, transpondo dificuldades e avançando por todo o mundo.

Nosso objetivo é tratar das perseguições sofridas pela igreja cristã nos três primeiros séculos até o início do sec. IV, onde o cristianismo passou a ter liberdade através do governo de Constantino cessando temporariamente as perseguições.

Nos primeiros séculos, a igreja já enfrentava dois tipos de perseguições. Uma de caráter interno, lidando com heresias e falsos ensinos que permeavam os povos pagãos da época, onde muitos ensinos e escritos feitos por pagãos tinham de ser combatido a fim de não contaminar os ensinos e escritos apostólicos verdadeiros. Simultaneamente a esta luta interna pela pureza doutrinária, a igreja tinha de lidar com as perseguições externas , inicialmente movidas pelos próprios judeus, onde os principais líderes do cristianismo como Pedro, Paulo, Tiago e outros foram perseguidos conforme o registro histórico no livro dos atos dos apóstolos. Depois dos judeus, o próprio império Romano perseguiu o cristianismo até o início do Sec. IV, quando em 313 d.C, com o edito de Milão, o cristianismo passou a ser uma religião legalizada no império Romano.

CAUSA DAS PERSEGUIÇÕES

As principais causas das perseguições externas sofridas pelo cristianismo nos primeiros séculos foram de origem :

a)Política – Os cristãos eram vistos inicialmente como parte do Judaísmo, a qual era uma religião legal e tinha certas concessões por parte do império romano, como por exemplo, a permissão para cultuar somente a Deus sem prestar culto ao imperador ou aos deuses pagãos do império a fim de se manter a paz no império e a submissão dos judeus ao estado Romano. No entanto, com o crescimento rápido do cristianismo e seus princípios de exclusividade moral a Cristo por parte de seus seguidores, a religião cristã passou a ser vista como uma religião ilegal que ameaçava a estabilidade do estado . Por não se submeterem ao culto pagão ao imperador, os cristãos foram acusados por deslealdade ao império e por colocarem em risco a paz e a segurança do estado.

b)Religiosa – Em contraste com a religião pagã do império romano, com seus altares, ídolos, cânticos, ritos e práticas externas que impressionavam o povo, os cristãos realizavam seus cultos espirituais sem a presença de ídolos e rituais externos a semelhança dos pagãos, adorando e orando a um Deus invisível o que para as autoridades romanas consistia em ateísmo. Por suas reuniões secretas e sigilosas, os cristãos também foram acusados de incesto, em razão de seu tratamento para com os demais seguidores as quais eram chamados de “irmãos” e que tinham como prática comum à saudação com ósculo santo, bem como, foram acusados de canibalismo e sacrifício de humanos em razão dos termos que empregavam na realização da ceia do Senhor, onde comiam e bebiam do “corpo e do sangue” de Cristo.

c)Social – Os cristãos defendiam a igualdade entre todos os homens, quer senhores, quer servos, quer ricos ou pobres. Isto era contrário à ideia pagã da estrutura do estado, que defendia a liderança e privilégios a nobreza a qual dominava e era servida pelas classes mais pobres. Os cristãos também se mantinham afastados da comunhão da sociedade pagã em lugares públicos, tais como templos, teatros e outros, reprovando assim o modo de vida desregrada que tinham os ímpios trazendo sobre si a antipatia das autoridades e a consequente perseguição.

d)Econômica – Os cristãos também representavam uma ameaça no que diz respeito à economia do império. Desde os registros bíblicos em atos, os pagãos já os tinham como ameaça a suas fontes de rendas ligadas a sua falsa religião. Com o ensino do culto espiritual a um único Deus, sem a presença de ídolos e relíquias, as práticas pagãs aos deuses falsos do império passavam a serem vãs. Isto comprometia todas as pessoas envolvidas nos cultos pagãos, desde os sacerdotes até os fabricantes de ídolos. Assim, no final do sec. III, com instabilidades e crises no império, estes problemas eram associados à presença do cristianismo e a consequente apostasia do povo aos deuses pagãos.

AS PERSEGUIÇÕES

As principais perseguições da igreja nos primeiros séculos podem ser resumidas da seguinte forma :

a)Século I d.C.
Conforme mencionado anteriormente, as perseguições nos primeiros séculos partiram dos judeus e em 54d.C. passaram a ser movidas pelo estado romano sob governo de Nero. Registros apontam que Nero ordenou o incêndio de Roma em 64 d.C e que o mesmo acusou os cristãos por tal tragédia, o que custou a perseguição e morte de muitos cristãos de forma brutal. Paulo e Pedro morreram neste período. No final do primeiro século,em 95 d.C. , veio à perseguição por Domiciano, onde judeus e cristãos foram perseguidos por se negarem a pagar um imposto público para manutenção de um templo pagão. O apóstolo João foi banido a ilha de Patmos neste período.

b)Século II d.C.
Neste período, uma perseguição organizada ocorreu na Bitínia sob governo de Plínio. Este governador escreveu ao imperador Trajano relatando sobre a situação e a expansão rápida do cristianismo. Em carta, Plínio mencionou o problema religioso e econômico, onde templos pagãos estavam vazios e vendedores de animais para sacrifícios estavam empobrecidos. Como medida, Plínio adotou a política de não perseguir os cristãos até que houvesse alguma denúncia, somente nestes termos cristãos eram levados aos tribunais a fim de renegarem a fé e adorarem aos deuses pagãos. Inácio de Antioquia morreu nesta perseguição. Em Esmirna, por volta de 155 d.C., Policarpo foi morto quando muitos cristãos foram levados diante dos tribunais. Por último, ocorreram perseguições sob governo de Marco Aurélio, período de muitas calamidades, pragas e outros problemas, os quais eram atribuídos à presença dos cristãos, que com isso, sofreram mais perseguições. Justino Mártir, apologista, sofreu martírio nessa perseguição.

c)Século III d.C.
Até meados do séc. III, as perseguições sofridas pelos cristãos eram de caráter mais local e esporádico. Em 250 d.C., sob Imperador Décio, os cristãos passaram a serem perseguidos de forma mais abrangente, pois eram vistos como ameaça para o estado romano que passava por calamidades, problemas internos e externos . Por meio de um edito, era exigido ao menos uma vez ao ano uma oferta aos altares pagãos romanos e a figura do imperador. Aqueles que cumpriam tal determinação, recebiam um comprovante chamado libellus. Muitos cristãos apostataram e cumpriram o edito para não perderem a vida, outros falsificaram tal documento , e mais tarde, com o fim das perseguições, a igreja teve que lidar com o problema destes que queriam retornar a comunhão cristã. No final do séc. III e início do IV, deu-se início a uma das maiores perseguições a igreja antiga sob governo de Diocleciano. Com o império em crise, Diocleciano instaurou uma forte monarquia onde não havia mais tolerâncias a religiões e crenças contrárias à religião do estado. Em 303 d.C. deu-se início as fortes perseguições. Líderes cristãos foram fortemente perseguidos, cópias das escrituras foram queimadas, foram ordenados o fim das reuniões cristãs, a destruição de igrejas bem como a tortura e prisão de muitos cristãos. Depois desta perseguição a igreja também teve de lidar com o problema dos traditore ou traidores, que entregaram partes das escrituras para serem queimadas e queriam a readmissão na igreja. A questão das escrituras que poderiam ou não ser queimadas, junto ao problema interno das heresias, contribuíram mais tarde para definição do cânon do Novo testamento. Somente em 311 d.C., através de um edito de tolerância aos cristãos promulgado por Galério, é que as perseguições diminuíram, mas somente cessaram totalmente em 313 d.C. quando Licínio e Constantino promulgaram o edito de Milão , o qual garantia a liberdade de culto a todas as religiões, inclusive ao cristianismo.

CONCLUSÃO E PENSAMENTOS FINAIS

Nosso Senhor foi perseguido e morto. Como ele havia predito, sua igreja também foi perseguida e ainda será, até que Ele venha resgatar sua amada “esposa” que Ele comprou com seu próprio sangue. No entanto, Ele também prometeu: “Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). Assim concluímos que todas as perseguições contra o cristianismo na história e as que ainda virão, jamais conseguiriam ou conseguirão aniquilar com a igreja do Senhor, pelo contrário, mesmo através do sofrimento de muitos irmãos e irmãs, estas perseguições contribuíram e continuarão contribuindo para propagação do reino de Deus no mundo e para o progresso do cumprimento da missão de Deus em toda história que é a glória do Seu Santo Nome.

Soli Deo Gloria !

“Porque vos foi concedido a GRAÇA de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele.” Apóstolo Paulo / Filipenses 1:29

“Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” Jesus Cristo / Mateus 5:10-12


Fontes bibliográficas :
- O cristianismo através dos séculos / Earle E. Cairns / Vida Nova
- Escola Teológica Charles Spurgeon / Prof. Marcos Granconato

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