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domingo, 1 de abril de 2012

A igreja e os bárbaros

O período da história entre os séculos IV e XI, é conhecido também como idade das trevas . Neste período, houve as chamadas migrações ou invasões de povos bárbaros para a Europa ocidental, os quais tiveram de ser enfrentadas pela igreja cristã.

No início do sec. IV, com o edito de Milão e o fim das perseguições ao cristianismo, a igreja cristã passa a ser aliada ao estado, ganhando força e apoio do império chegando ao final do sec. IV como a religião exclusiva do estado através do edito de Teodósio I. No entanto, o império romano já estava em declínio e esta união com o cristianismo, o qual não parava de se expandir, pode ter sido mais uma estratégia política a fim de salvar a cultura clássica da época. A igreja se beneficiou deste apoio do estado, adquirindo sua liberdade de culto, liberdade de testemunho influenciando a sociedade, elevando o padrão moral das pessoas, influenciando a legislação romana, bem como, o avanço de trabalhos missionários por todo império. Porém, se podemos destacar alguns benefícios desta união igreja-estado, o fato é que houve também grandes malefícios, dentre eles a influência das autoridades governamentais em assuntos e decisões de caráter espirituais e teológicos. Também com o “fortalecimento” da igreja por meio do apoio do império, o cristianismo passou a perseguir o paganismo da mesma forma em que foi perseguido pelos pagãos nos séculos passados. Outro problema, foi a secularização da igreja, onde conversões em massa ocorriam em virtude de o cristianismo ser a religião do império. Deste modo, a espiritualidade da igreja foi extremamente enfraquecida com a união ao estado, trazendo grandes prejuízos ao cristianismo no decorrer da idade média.

No final do sec. IV a igreja teve de lidar com um novo problema, a migração de povos estrangeiros ou bárbaros que vinham em busca de melhores lugares para habitar, bem como refúgio de perseguições de outros bárbaros.
Estes povos estrangeiros, liderados por Reis sem cultura e sem instrução alguma, muitos deles sem alfabetização, traziam em sua bagagem sua religiosidade pagã, o culto a heróis e deuses pagãos, e muitos destes bárbaros tiveram contato com o cristianismo ariano , tendo a igreja cristã ortodoxa a difícil tarefa de evangelizar estes novos povos.

Dentre os principais povos bárbaros e suas migrações podemos destacar :

- Os godos – Perseguidos pelos hunos, buscaram asilo nas terras do império romano. Os ostrogodos fixaram domínio na região da Itália e os visigodos na Espanha. Úlfilas foi o principal missionário entres estes povos, promovendo um cristianismo herético de linha ariana.
- Os vândalos – tomaram o norte da África e perseguiram os cristãos ortodoxos . Agostinho de Hipona estava no final de sua vida quando o norte da África foi invadido pelos vândalos.
- Os lombardos , borgonheses e francos – Se estabeleceram na Gália, região que hoje é a frança. Martinho de Tours trabalhou com os borgonheses . Os francos se converteram ao cristianismo quando seu rei, Clovis, influenciado por sua esposa que era cristã, se converteu em 496.
- Os anglo-saxões – fixaram-se na Britânia, atual Inglaterra. Nas ilhas britânicas, destaque para os trabalhos evangelísticos de Patrício entre os Irlandeses e Columba entre os Escoceses. Foi da Escócia que Aidano levou no sec. VII o evangelho aos anglo-saxões no norte da Inglaterra.

Ao lidar com esta questão das invasões bárbaras e consequentemente ao cristianismo que estava associado ao império, a igreja que já fora prejudicada e enfraquecida espiritualmente pela união igreja-estado, passou a ficar mais enfraquecida e paganizada com as invasões de povos bárbaros. Como mencionado anteriormente, muitos cristãos, monges e missionários trabalharam ativamente na cristianização e evangelização destes povos, a isto destacamos positivamente, no entanto, muitos bárbaros convertidos ao cristianismo continuavam sem serem doutrinados, trazendo para dentro das igrejas suas práticas pagãs e ritualistas, conversões em massa influenciadas pelos líderes dos povos bárbaros produziam um cristianismo nominal e não genuíno, o que ocasionou o enfraquecimento espiritual e a paganização em parte da igreja cristã medieval. Não bastasse este enfraquecimento da Igreja, surge no sec. VII um poderoso inimigo do cristianismo, o islamismo. Fundado por Maomé, o qual foi influenciado pelo arianismo e pelo judaísmo, esta nova religião se expandiu rapidamente tomando todo norte da África e parte do oriente , sendo rechaçado no ocidente por Carlos Martelo na batalha de Tours (732) e no oriente por Leão III (718).

Conclusão

Quando olhamos para igreja antiga, para igreja apostólica ou primitiva e em seguida para os cristãos que a mesma produziu, homens e mulheres que entregavam suas vidas por amor a Cristo e ao evangelho, grandes pensadores e teólogos cristãos que se levantaram para defender a ortodoxia bíblica, que lutaram contra as heresias e contra as afrontas externas do império ao ponto de enfrentarem o martírio, podemos claramente contemplar o testemunho de homens e mulheres que realmente nasceram de novo, que foram verdadeiramente convertidos pelo poder do evangelho de Cristo. No entanto, ao olharmos para igreja medieval a partir do sec. IV, encontramos a presença da igreja e do cristianismo estabilizado, sem perseguições e afrontas, fortalecido geograficamente e materialmente pela união ao estado, mas enfraquecido espiritualmente. Ainda vemos alguns cristãos genuínos remanescentes que lutaram e labutaram na evangelização dos povos, mas a grande maioria dos cristãos deste período, eram cristãos nominais, enraizados no seu paganismo, ritualismo e misticismo supersticioso. Sem dúvida este enfraquecimento espiritual da igreja foi ocasionado pela presença política do império nas questões espirituais da igreja, bem como com a presença de incrédulos pagãos, povos convertidos nominalmente e não espiritualmente ao cristianismo que contribuíram para a paganização da igreja medieval, mas a causa principal, a fonte do enfraquecimento espiritual da igreja deste período se deu pelo abandono as bases das escrituras. O fundamento dos apóstolos e profetas, as escrituras sagradas, fora deixado de lado para que a igreja buscasse seus interesses neste mundo, dentre eles, o livramento das perseguições e a aceitação por parte de todos os povos, comprometendo a ortodoxia e a fidelidade a Cristo e Sua Palavra.

Nos dias de hoje, o quadro não é muito diferente. A igreja ainda busca a aceitação e a amizade do mundo a fim de não ser perseguida e poder estar bem firmada geográfica e materialmente neste mundo.Porém, vemos uma igreja se distanciando cada vez mais do alimento espiritual, da fonte de vida da igreja que é a palavra de Deus. Isto traz o enfraquecimento do cristianismo que é visto em grandes impérios religiosos de nossos dias, formado por multidões de evangélicos e cristãos nominais, que aparentam uma robustez espiritual, mas não passa de feno ou palha, pois não estão edificando sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, o qual é Cristo revelado nas escrituras.

“Porque ninguém pode por outro fundamento , além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” 1 Coríntios 3:11

“..edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;” Efésios 2:20

“Muitos me dirão naquele Dia : Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente : Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” Mateus 7:22-23


Que o Senhor nos conceda a graça de fazermos parte do remanescente cristão que verdadeiramente ama a Cristo e Sua palavra, que venhamos a cada dia confirmar a nossa vocação e eleição, porque fazendo isto, nunca jamais tropeçaremos. Amém !

Sola Scriptura !

Fontes bibliográficas :
- O cristianismo através dos séculos / Earle E. Cairns / Vida Nova
- Escola Teológica Charles Spurgeon / Prof. Marcos Granconato

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